Cristina Wissenbach em um diálogo sobre memória, resistência e o protagonismo negro na história do Brasil
Por: Marina Savioli
No terceiro dia da 41ª Feira do Livro, os alunos do 2º ano do Ensino Médio tiveram a oportunidade de participar de um encontro enriquecedor com a professora, historiadora e pesquisadora Cristina Wissenbach, que conduziu uma instigante discussão sobre a mais recente obra de Marcelo D’Salete: Mukanda Tiodora.
Premiado autor de Angola Janga e Cumbe, D’Salete convida os leitores, em sua nova HQ, a mergulhar em uma São Paulo marcada por contrastes, lutas e resistências. Mukanda Tiodora ilumina a trajetória de uma mulher africana escravizada que viveu na capital paulista na década de 1860 e que, mesmo analfabeta, compreendeu o poder transformador da escrita na luta por sua liberdade.
Cristina Wissenbach, professora da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em História da África e da escravidão no Brasil, teve seu primeiro contato com as cartas de Tiodora em 1987, durante sua pesquisa de mestrado. Desde então, sua trajetória acadêmica tem caminhado lado a lado com a de Tiodora, trazendo à luz novos olhares sobre as experiências africanas e afrodescendentes no Brasil do século XIX.
Durante o encontro, a professora contou como Tiodora foi arrancada da costa africana e trazida ao Brasil como escrava doméstica. Separada de sua família, lutou ao lado do marido pela conquista da alforria, alimentando o sonho de um dia retornar à África. Suas cartas, escritas com esforço e enfrentando inúmeras barreiras, infelizmente não chegaram a seus destinatários — mas sobreviveram como poderosos testemunhos de resistência e esperança, agora resgatados e compartilhados na obra de D’Salete.
Além de seus estudos com as cartas, Cristina também apresentou registros visuais da época, como as fotografias de Militão e Vicenzo Pastore, que ajudaram os alunos a compor um retrato mais concreto da São Paulo oitocentista e das mulheres negras que a habitavam.
Sua participação foi fundamental para compreender o impacto histórico, social e humano da narrativa de D’Salete, ampliando a discussão para o papel das mulheres, dos povos indígenas e dos africanos no processo histórico do Brasil — temas que, como a professora destacou com orgulho, hoje integram o currículo escolar graças às Leis nº 10.639 e nº 14.986.
Mukanda Tiodora vai além da linguagem dos quadrinhos: é um projeto histórico, literário e educacional. Ao lado de figuras como Luiz Gama e Ferreira de Menezes, a obra nos lembra que a história da liberdade no Brasil foi construída com coragem, palavras e resistência.
Cristina Wissenbach en un diálogo sobre memoria, resistencia y el protagonismo negro en la historia de Brasil
En el tercer día de la 41.ª Feria del Libro, los alumnos de segundo año de Enseñanza Media participaron en un enriquecedor encuentro con la profesora, historiadora e investigadora Cristina Wissenbach, quien condujo una estimulante discusión sobre la obra más reciente de Marcelo D’Salete,: Mukanda Tiodora.
Autor galardonado por Angola Janga y Cumbe, D’Salete invita a los lectores, en su nueva novela gráfica, a sumergirse en una São Paulo marcada por contrastes, luchas y resistencias. Mukanda Tiodora ilumina la trayectoria de una mujer africana esclavizada que vivió en la capital paulista en la década de 1860 y que, a pesar de ser analfabeta, comprendió el poder transformador de la escritura en la lucha por su libertad.
Cristina Wissenbach, profesora de la Universidad de São Paulo (USP) y especialista en Historia de África y de la esclavitud en Brasil, entró en tuvo su primer contacto con las cartas de Tiodora en 1987, durante su investigación de maestría. Desde entonces, su trayectoria académica ha caminado junto a la de Tiodora, y ha arrojado unaarrojando nueva luz sobre las experiencias africanas y afrodescendientes en el Brasil del siglo XIX.
Durante el encuentro, la profesora relató cómo Tiodora fue arrancada de la costa africana y traída a Brasil como esclava doméstica. Separada de su familia, luchó junto a su esposo por la conquista de la libertad, mientras alimentabando el sueño de regresar algún día a África. Sus cartas, escritas con esfuerzo y enfrentando innumerables obstáculos, lamentablemente no llegaron a sus destinatarios, pero sobrevivieron como poderosos testimonios de resistencia y esperanza, ahora rescatados y compartidos en la obra de D’Salete.
Además de sus estudios con las cartas, la especialistaCristina también presentó registros visuales de la época, como las fotografías de Militão y Vicenzo Pastore, que ayudaron a los estudiantes a componer un retrato más concreto del São Paulo del siglo XIX y de las mujeres negras que lo habitaban.
Su participación fue fundamental para comprender el impacto histórico, social y humano de la narrativa de D’Salete, pues amplió ampliando la discusión hacia el papel de las mujeres, los pueblos indígenas y los africanos en el proceso histórico brasileño, —temas que, como destacó con orgullo la profesora, hoy forman parte del currículo escolar gracias a las Leyes n.º 10.639 y n.º 14.986.
Mukanda Tiodora va más allá del lenguaje del cómic;: es un proyecto histórico, literario y educativo. Junto a figuras como Luiz Gama y Ferreira de Menezes, la obra nos recuerda que la historia de la libertad en Brasil se construyó fue construida con coraje, palabras y resistencia.