11/09/2025 – Da nota ao percurso de aprendizagem

Sala dos professores

Da nota ao percurso de aprendizagem

Por: Denise Tonello

A avaliação como narrativa de crescimento

O que uma nota no boletim consegue contar sobre um estudante? Pouca coisa, se nos prendermos apenas a ela. A verdadeira história está no caminho que ele percorre. Avaliar não é simplesmente medir: é acompanhar de perto, enxergar avanços, reconhecer conquistas e apoiar cada passo dessa trajetória, que nunca é linear, mas sempre cheia de movimentos.

Quando olho para a avaliação escolar como um processo contínuo, vejo que o mais importante não é o número ou o conceito final, mas o percurso vivido. É nesse caminho que habilidades ganham forma: quando o estudante articula saberes, experimenta estratégias, enfrenta obstáculos e encontra jeitos próprios de seguir adiante. A aprendizagem se torna mais humana e significativa justamente porque valoriza tanto o esforço quanto o resultado.

E, como ninguém caminha sozinho, a parceria com a família é essencial.

Essa presença importa em todas as idades, ainda que assuma formas diferentes. Nos primeiros anos escolares, os pais acompanham de perto cada passo; mais tarde, o apoio aparece em conversas, escuta atenta, incentivo à autonomia e reconhecimento das conquistas. O que atravessa todas as fases é a certeza de que, em cada passo, há alguém caminhando junto. Quando escola e família se juntam para enxergar progressos, celebrar conquistas e até reconhecer as tentativas, o estudante ganha confiança. As pequenas vitórias do cotidiano ganham potência quando são notadas. E são elas que, acumuladas, ajudam a formar pessoas mais autônomas, críticas e engajadas.

Por isso, não consigo pensar na avaliação como uma fotografia estática. Para mim, ela é como uma narrativa de crescimento, uma história em movimento. Mais do que atribuir números, trata-se de construir sentido, acompanhar percursos e reafirmar que aprender é estar em transformação constante.

Esse olhar também me desafia como educadora e como coordenadora pedagógica. Não basta aplicar provas ou atividades avaliativas e esperar pelo resultado. É preciso observar, interpretar, registrar e devolver ao estudante pistas que o ajudem a seguir. Avaliar, nesse sentido, é também comunicar. É dizer com clareza: “Veja o quanto você já caminhou. Aqui estão novas possibilidades. Continue.”

Com o tempo, aprendi que nenhuma habilidade nasce sozinha. Ler, escrever, argumentar, resolver problemas ou criar: tudo isso se mistura. Cada gesto de aprender envolve razão, emoção e ação, em diálogo permanente. Por isso, a avaliação por habilidades precisa abraçar essa complexidade, reconhecer nuances e dar espaço para que o estudante se expresse em sua totalidade.

E novamente a família entra em cena, não como mera espectadora das notas, mas como parceira ativa em cada fase da vida escolar. Com crianças pequenas, esse envolvimento pode significar acompanhar as primeiras leituras, brincar junto, incentivar hábitos de estudo. Com adolescentes, o apoio pode vir em forma de conversas, confiança e estímulo à responsabilidade. Escutar, conversar sobre avanços, valorizar conquistas: em qualquer idade, esse vínculo fortalece a relação entre casa e escola. Educar, afinal, é uma obra coletiva — nunca uma tarefa solitária.

Percebo também que esse tipo de avaliação tem o poder de reduzir ansiedades e frustrações. Quando o estudante entende que é valorizado pelo que conquista no dia a dia, e não apenas pelo resultado final, sente-se mais motivado, confiante e resiliente. A escola se torna, assim, um espaço de encorajamento, não de julgamento.

No fim, avaliar por habilidades, com o apoio da família, é reafirmar que cada etapa da aprendizagem tem valor. Cada degrau importa. Cada tentativa conta. Cada conquista é uma semente. Essa visão não exclui metas, objetivos e expectativas de aprendizagem, mas os coloca dentro de uma perspectiva maior: a de que o desenvolvimento integral de cada estudante está no centro.

Avaliar, para mim, é acreditar que cada estudante carrega uma história em construção. E eu escolho estar ao lado deles para escrever essa história, página por página, celebração por celebração, conquista por conquista. Porque aprender, afinal, é um percurso — e cada percurso merece ser vivido. Merece ser percebido. Merece ser narrado.

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09/12/2025
Terça-feira Educação Infantil e Ensino Fundamental 1 das 09:00 às 10:30