Ensino Fundamental II
Estudando sobre o “Racismo Ambiental” em um Projeto Interdisciplinar
Estudantes analisam as desigualdades ambientais no Brasil e no mundo
Por: Patrícia Leme Pedroso de Jesus
Os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental II embarcaram em um projeto interdisciplinar inovador sobre o tema “Racismo Ambiental” durante o início do segundo trimestre de 2025. Esse projeto, que integrou as áreas de Ciências Humanas, Exatas e Linguagens, contou com a colaboração dos professores Patrícia Leme, André Oliveira, André Feres, Cristina Isippon e Marcus Baldini e teve como objetivo principal ampliar a compreensão dos alunos sobre os impactos desiguais da crise climática e sobre a degradação ambiental no Brasil e no mundo.
O objetivo do projeto foi discutir o conceito de racismo ambiental, cunhado na década de 1980 por Franklin Chavis Jr., líder do movimento pelos direitos civis nos EUA. A partir dessa discussão, os alunos foram divididos em grupos para realizar estudos de caso que ilustrassem como esse conceito se manifesta na prática. A iniciativa baseou-se em evidências concretas de que a desigualdade racial e social no acesso a um meio ambiente seguro é um fato amplamente documentado por instituições como IBGE, ONU e Fiocruz.
O desenvolvimento da atividade envolveu diversas etapas e mobilizou habilidades de diferentes componentes curriculares. Nas aulas de Geografia e História, os alunos foram introduzidos aos conceitos de racismo ambiental, justiça ambiental e zona de sacrifício, além de terem refletido sobre o conceito de raça. O objetivo pedagógico foi desenvolver o pensamento crítico, o trabalho com dados e a empatia cidadã, preparando os estudantes para refletirem com responsabilidade sobre os desafios socioambientais do século XXI.
Já nas aulas de Matemática 2, os alunos foram guiados para a coleta e análise de dados. Os grupos foram orientados a pesquisar em fontes confiáveis – como instituições públicas ou científicas (IBGE, INPE, Fiocruz, IPEA, universidades), organizações internacionais (ONU, IPCC, UNESCO), ONGs (Instituto Socioambiental, Greenpeace, Amnesty International) e jornais e revistas reconhecidos – para encontrar dados estatísticos relevantes que evidenciassem o racismo ambiental em seus estudos de caso.
Os alunos também aprenderam a utilizar ferramentas como o Excel para criar gráficos de barras, setores e/ou linha, apresentando visualmente os dados coletados. Essa etapa foi crucial para que pudessem responder à reflexão: “O que os gráficos visualmente nos mostra? Ele reforça a ideia de racismo ambiental?”. A análise e a interpretação dos gráficos, a partir de sua relação com o conceito de racismo ambiental, permitiu uma compreensão mais aprofundada das desigualdades existentes no Brasil e no mundo.
Um exemplo de estudo de caso abordado foi o da Ilha de Maré, em Salvador (BA), onde os alunos puderam investigar como a poluição industrial e a ausência de políticas públicas impactam diretamente uma comunidade majoritariamente negra e pobre. Além disso, os alunos analisaram dados do Censo 2022 do IBGE, comparando a composição racial da Ilha de Maré com a do Brasil, bem como a relação entre o acesso ao saneamento básico e a renda média mensal.
Ao final do projeto, em agosto, os estudos de caso serão apresentados em inglês em uma simulação da COP 30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), que será realizada este ano no Brasil.
Essa atividade permitiu que os alunos não apenas demonstrassem o conhecimento adquirido, mas também propusessem soluções para amenizar os problemas do racismo ambiental, integrando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Projetos interdisciplinares, como o do “Racismo Ambiental”, são de suma importância para o aprendizado dos alunos, pois relacionam diferentes áreas do conhecimento, permitindo uma visão holística e complexa sobre os problemas. Ao integrar História, Geografia, Matemática e Inglês, os estudantes desenvolvem habilidades de pesquisa, análise crítica, comunicação e empatia, o que os prepara para serem cidadãos mais conscientes e atuantes na construção de um futuro mais justo e equitativo.






