Clube de debates do Colégio Miguel de Cervantes

Iniciativa proposta por alunos defende espaço livre para a reflexão

Por: Tatiana Maria de Paula Silva | 25 de maio de 2017.

Impulsionado em 2016 por meio da participação dos alunos em simulações como Fórum Faap e o Spmun (São Paulo Model United Nations)*, o Clube de Debates do Colégio Miguel de Cervantes se consolidou em 2017 como um espaço de exercício e reflexão sobre assuntos que permeiam o universo jovem e social.

Idealizado pelos alunos Eduarda Vieitas Soares da Silva, Guilherme Rodrigues Arashiro e o ex-aluno Victor Gonzalez Freitas, o clube surgiu por iniciativa dos próprios estudantes. “Após nossa participação em uma simulação no fórum Faap, tivemos a ideia de implantar o clube no Colégio. Como primeiro passo, redigimos um documento onde definíamos as bases e a organização do clube. Baseamo-nos principalmente na adesão dos alunos quando nos organizamos para participar do Spmun e 50% de nossa delegação teve um ótimo aproveitamento”, explicam Guilherme e Eduarda.

Em meio aos desafios na implantação, os organizadores precisaram incentivar os colegas a participar das primeiras edições. “O mais difícil na organização de um clube é conseguir chamar as pessoas para o debate, para que elas percebam como é importante debater, analisar e ouvir outros lados da mesma questão”, explica Victor.

Quinzenalmente, nas tardes de quarta-feira, alunos e ex-alunos se encontram para argumentar sobre um assunto, como homofobia, apropriação cultural, feminismo, suicídio, reforma da previdência, entre outros. Os temas são sugeridos nas redes sociais pelos alunos. A comissão organizadora seleciona e faz a curadoria de um material de apoio e pesquisa para consulta. “Consideramos, dentro das sugestões, aqueles temas que julgamos apropriados para o momento”, comenta Eduarda. “Escolhemos um tema que contribuirá para um melhor entendimento do assunto, para uma melhor convivência na sociedade ou que poderá impactar diretamente em nossa vida escolar”, complementa Guilherme.

A comissão organizadora acredita que a dinâmica dos debates contribui para o desenvolvimento pessoal e pedagógico dos alunos. “Para os estudantes, a participação contribui para o fortalecimento da argumentação, o que auxilia o aluno nas produções de texto e na escola em geral. Quando se prepara para o debate, ele se atualiza e entra em contato com notícias e vários tipos de texto. Também é um exercício para a vida saber falar em público, organizar suas ideias e colocá-las em palavras. Como ser humano, os alunos aprendem a escutar e respeitar o próximo”, afirma Victor.

Os organizadores divulgam o tema do debate da semana por meio das mídias sociais, cartazes e pessoalmente, em convites nas salas de aula.  Segundo eles a cada semana, uma média de 35 participantes, entre alunos, ex-alunos e professores, comparece ao clube. “É um crescimento significativo em relação ao ano passado, quando as sessões não passavam de oito alunos”, afirma Eduarda.

Faz parte do mote das sessões o exercício do respeito às divergências de opiniões, propiciando um momento de contestação e reflexão respeitoso e tolerante. As regras baseadas nos fóruns já citados mantêm o objetivo da livre manifestação. Os organizadores se revezam na condução dos debates e, ao final, produzem uma avaliação qualitativa da participação de todos os alunos.

Para a comissão organizadora, é fundamental que o clube de debates permaneça ativo no Colégio. “Queremos deixar como legado esse espaço, pois acreditamos que sua dinâmica contribui para que os alunos discutam e construam uma opinião sobre os temas”, afirma Guilherme. “Dessa forma, estamos inserindo alunos novos no grupo diretor, que tenham os certificados dos fóruns externos e possam dar continuidade aos trabalhos. Também pretendemos, ao final do ano, fazer uma cerimônia de encerramento e premiar os alunos que mais se destacaram durante o ano, como forma de motivá-los a continuar participando”, conclui Eduarda.

O ex-aluno Victor, que permanece na equipe diretora, faz um balanço da atuação do clube até o momento. “Estou muito feliz com o crescimento do clube. No fim do ano passado, nos inserimos nesse novo mundo e batalhamos muito para mobilizar nossos colegas. Fomos adquirindo experiência, aprendemos como organizar, fizemos alguns ajustes e conseguimos o apoio dos professores. Nosso objetivo era contaminar os colegas com essa cultura, e acho que estamos no caminho certo”, conclui Victor.

Os organizadores do Clube de debates agradecem o apoio especialmente a Rocío de Simón Eiras, professora de Cultura Espanhola e aos seguintes colegas: Maria Clara Kachan Bordignon e Tábatha Raíssa Marques Mota, de 3°A; Pedro Fonseca e Gabriel Furlanetto Battistuzzo, de 2°A e  Murilo Enrique Dorion Nieto, de 2°C.

*O São Paulo Model United Nations (SPMUN), modelo das Nações Unidas voltado a estudantes de Ensino Médio, é um evento que visa ao aprendizado de temas com relevância social, política, econômica e ambiental.