ENSINO FUNDAMENTA II

Encontro com o autor João Anzanello Carrascoza
Em 1º de outubro, escritor veio conversar com os alunos do 9º ano sobre a obra Aquela água toda

Por: Tatiana Maria de Paula Silva | 2 de outubro de 2019.

A convite da professora de Língua Portuguesa Simone Seifert Deffente Migliari, o escritor João Anzanello Carrascoza compareceu ao Colégio Miguel de Cervantes para falar com os alunos sobre a coletânea de contos Aquela água toda, obra trabalhada pela professora nas aulas de Estudos Linguísticos e Literários.

No bate-papo, o escritor falou sobre a importância de eventos que proporcionam a interação do escritor com os leitores, prática comum no Colégio. Ele explicou ainda que muitos contos nasceram de ideias tidas por meio de encontros com os leitores. “Parece que eu venho aqui só para falar de um livro, mas na verdade aprendo e me inspiro com o que vocês vão me perguntar e vão me dizer. O escritor, o artista em geral, pode até ter certa criatividade, mas a maior parte de um trabalho artístico – seja de um escritor, um pintor, um músico ou cineasta – vem da sua observação de mundo, da sua apreensão, de ficar ligado nos outros e em si mesmo também, nas suas próprias dores, amores e sentimentos”, afirma João.

Ao abordar a obra, o escritor contou aos alunos sobre o primeiro projeto gráfico que, segundo ele, colaborou para que o livro, já dotado de um conteúdo relevante, expandisse seu público e fosse traduzido para outros idiomas. “Esse livro foi publicado em 2012. Originalmente, ele tinha uma capa com papel de seda. A editora, que se chamava Cosac Naify, tinha um trabalho de excelência gráfica. Os projetos eram organizados e elaborados de tal forma que o objeto livro fosse mesmo um berço para o conteúdo do livro. Em Aquela água toda, que consistia em um conteúdo terno e mexia com a sensibilidade humana, o projeto, logo na capa, vinha com o papel de seda, demonstrando a leveza e a delicadeza conforme muitas das histórias, para que pelo menos instigasse o lado mais emotivo ao fazer a leitura”.

Durante o bate-papo, o escritor – com grande sensibilidade e eloquência – destacou o interesse em aprofundar em seus contos o cotidiano como uma celebração da existência. “As pessoas naturalizam a vida – “vou acordar, vou à escola etc.” – mas elas podem não acordar. O mundo inteiro está o tempo todo trazendo notícias de pessoas que não acordam. Então, justamente para fazer valer a vida que a gente tem, para fortalecer os laços de amor, os vínculos de ternura com as pessoas, é que vale a pena escrever sobre esse cotidiano. É nele que estão as grandes maravilhas da vida. O ato de você estar numa mesa fazendo uma refeição com seus pais é tão banal e, no entanto, tão precioso… Esse momento não se repete mesmo que você o viva tantas e outras vezes, pois cada uma das refeições será diferente. Valorizar cada momento e agradecer por você estar ali foi justamente o que me inspirou a escrever um livro no qual todas as histórias são de iniciação, ou seja, histórias em que as personagens viviam pela primeira vez algum acontecimento diferente para elas”.