ENSINO MÉDIO

Viagem de estudos em Minas Gerais 2024

Por: Fabio Nogueira

No mês de agosto deste ano, realizamos com os alunos do 1º ano do Ensino Médio a viagem de estudo para Minas Gerais. Embora tradicional no Colégio Miguel de Cervantes, a última que havíamos realizado ocorreu em 2019, antes do isolamento social imposto pela pandemia. Diante desse quadro, a equipe do Colégio vinha sinalizando uma boa expectativa para que retomássemos essa atividade, pois ele proporciona aos nossos alunos uma imersão num período que, além de muito importante na história brasileira, nos faz refletir sobre variadas questões em diversas áreas de conhecimento. Nesse sentido, foi proposta a retomada da visita às cidades mineiras de Congonhas do Campo, Mariana, Ouro Preto e Brumadinho.

A equipe de professores responsável lançou propostas, abrangendo três etapas, de atividades nas áreas de Arte, História, Geografia, Língua Inglesa, Língua Espanhola, Estudos Linguísticos e Literários, Produção de Texto e Química. A primeira fase foi realizada no Colégio, durante as aulas regulares, por meio de apresentações das propostas, atividades desenvolvidas no pré-campo, exercícios e debates cujo ponto de partida fora o interesse curricular pelas diversas áreas de conhecimento. Assim, munidos de conhecimentos prévios, os alunos foram preparados para o estudo. Além disso, dispusemos de outra frente de preparação, organizada pelo orientador educacional Antonio Sergio Pfleger de Almeida, que apresentou para todas as turmas uma proposta concernente à produção de um diário de viagem.

A segunda fase abarcou o estudo realizado já em Minas. A viagem nos colocou em ambientes que nos convidavam a olhar para o passado. Desse modo, as áreas de Arte, Geografia e História propuseram um eixo de trabalho com o tema “Memórias – transformações e elos de permanências”. De acordo com tal proposta, os alunos deveriam absorver campos de aprendizagem por meio de registros e anotações das experiências no diário de viagem.

Ao final, já no retorno a São Paulo, eles deveriam criar um jogo de tabuleiro em equipes de trabalho. A área de Línguas Estrangeiras propôs a montagem, em grupo, de um documentário elaborado com base nos registros escritos, nas fotografias e nos vídeos produzidos no trabalho de campo. Recorrendo à coleta de dados em entrevistas, a questionários e à observação e análise de corpus, a área de Língua Portuguesa propôs um estudo sobre as variações linguísticas. Em Química, a proposta tinha como objetivo explorar a conexão entre a Química e as atividades de mineração em Minas Gerais, destacando, por meio da criação de um scrapbook online, a contribuição dos povos africanos nessa atividade, além dos impactos ambientais e sociais (desde a chuva ácida até do rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho).

Como foi possível observar, houve uma intensa produção nas diversas áreas de conhecimento. Elas propiciaram propostas desafiadoras e utilizaram recursos cujos formatos puderam suscitar, com base nas experiências vividas em campo, a aprendizagem de novas competências e habilidades dos nossos alunos.

Vale destacar algumas experiências realizadas em Minas Gerais, como a visitação às minas desativadas de extração de minérios históricas dos séculos XVIII e XIX, a visita emocionante ao bairro de Paracatu de Baixo, o qual ficou soterrado pela tragédia do rompimento da barragem em Mariana, a oficina de douramento, que seguiu uma técnica do século XVIII para a produção de pinturas de anjos barrocos, as visitações das imponentes igrejas do barroco mineiro, o contato com a música e dança popular de Moçambique (herança africana na nossa cultura), a visita ao santuário de Bom Jesus de Matosinhos, onde se encontram as obras-primas de Aleijadinho, além da visita ao museu de Inhotim, o maior museu de arte contemporânea a céu aberto do mundo.

Na terceira fase, todas as áreas do conhecimento desenvolveram os trabalhos supracitados. Quero destacar especificamente o trabalho realizado pelas disciplinas de Arte, Geografia e História, já que, assim como meus colegas professores Marco Antônio Augusto e Maria Fernanda Salomão, fui um dos responsáveis por ele. Elaboramos para esse estudo uma ideia nova e que, a meu ver, obteve muito sucesso educativo. O nosso intuito foi trazer para o aprendizado dos alunos a importância da memória coletiva e promover a conscientização sobre a preservação do patrimônio material e imaterial na construção da identidade brasileira.

Visando ao cumprimento de nosso objetivo, propusemos a construção de um jogo de tabuleiro feito manualmente, nas aulas de Arte, e inspirado nas experiências de aprendizagem e de vivência adquiridas pelos alunos. Os jogos poderiam seguir os modelos de jogos de tabuleiro propostos antes da viagem. Além disso, eles poderiam ser confeccionados nas aulas de Arte ou no espaço Steam, com ajuda de Cleyton Alves de Oliveira, instrutor do espaço. Após a confecção dos jogos, realizamos o “dia do jogo”, quando os grupos de trabalho puderam jogar e fazer as trocas de experiências entre eles.

Ao avaliarmos esse trabalho, percebemos que a elaboração dos jogos foi muito eficaz para os alunos. A atividade nos serviu como marcador simbólico de uma memória importante ao processo de aprendizagem da experiência vivida. Jogar por meio da aprendizagem nos trouxe a garantia de que a tecnicidade do aprendizado tivesse mais fluidez e de que o registro de memória, recurso de extrema importância para o estudo em questão, fosse muito bem-sucedido.

O jogo de tabuleiro também foi bem avaliado por outros colegas de outras áreas e pela coordenação pedagógica. Temos a convicção de que o grupo deste ano nos deixou uma marca para que essa estratégia nos sirva de referência aos anos vindouros.