32ª Feira do Livro do Colégio Miguel de Cervantes – 24 de abril
Conferência com Roberto Schwarz marca a cerimônia oficial de abertura da Feira

Por: Tatiana Maria de Paula Silva | 25 de abril de 2015.

Palestra com Leila Cristina de Mello Darin, Alzira Leite Vieira Allegro e Jiro Takahashi*
A tradução de obras literárias

Para falar sobre a importância e a responsabilidade da tradução de obras literárias, as professoras doutoras Leila Darin e Alzira Allegro e o mestre em letras Jiro Takahashi, que há mais de 30 anos trabalha no mercado editorial, a convite da professora de inglês, Carla  Ramos de Abreu, conversaram com os alunos do Ensino Médio.

Leila iniciou a conferência explicando aos alunos a importância e a responsabilidade da tradução para que a obra literária possa transpor fronteiras. Para ela, é indiscutível a relevância da boa tradução para que o leitor possa se aproximar daquilo que o autor da versão original pretende abarcar em sua criação. “Para conhecer uma literatura estrangeira, não serve você conhecer a língua medianamente. Para que o texto possa chegar a outra cultura, ele passa pela mão da competência dos tradutores, que têm a responsabilidade de transpor à obra a essência e a riqueza do texto original”, explica Leila.

A professora doutora Alzira Allegro falou sobre a experiência como tradutora literária. Ela acredita que um bom tradutor precisa ser paciente e um pesquisador nato. Alzira destacou a importância de conhecer as obras e a biografia do autor para interpretar seu texto com responsabilidade e ética. “Para o leitor, a tradução é o texto original, daí a responsabilidade do tradutor. Sempre digo que a tradução tem um tipo de DNA, cada profissional tem uma maneira de acordo com seu contexto e pode optar por uma forma ou outra de traduzir, mas é necessário ser ético para manter a natureza do texto original.” Sobre a tradução para o público infanto-juvenil, a professora explicou que existem características específicas para esse tipo de tradução, sendo comum o tradutor utilizar da estratégia de adaptação, principalmente em relação à literatura clássica.

O mestre em letras Jiro Takahashi explicou sobre o funcionamento do mercado editorial no Brasil. Ele acredita que a tradução exige do profissional um repertório consistente e, por isso mesmo, não é uma atividade fácil, mas que existe uma demanda grande de atividades para o tradutor e que o mercado atualmente não só absorve como necessita de jovens tradutores, principalmente para as publicações infanto-juvenis. “A tradução literária é uma atividade interessante, que tem uma remuneração razoável e, ao mesmo tempo, um pé na arte, porque na verdade quem lê uma obra literária de um autor estrangeiro, aqui no Brasil, está lendo o texto do tradutor”, conclui Jiro.

*Leila Darin é graduada em Língua e Literatura Inglesas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1977), mestre em Linguística Geral Descritiva e Aplicada – Exeter University (1986) e doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1993). Atualmente, é professora titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, líder do Grupo de Pesquisa em Estudos da Tradução e da Interpretação (ESTI), orienta pesquisas de Iniciação Científica na área de Estudos da Tradução e chefe do departamento de Inglês da PUC-SP.
É tradutora autônoma do inglês-português de textos de áreas científicas e técnicas e revisora de provas de Inglês para vestibular e outros tipos de concurso em nível nacional.
Alzira Allegro é graduada em Letras (Português, Inglês e Alemão) pela Universidade de São Paulo (1978), mestre em Língua e Literatura Norte-Americana pela Universidade de São Paulo (1996) e doutora em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês pela Universidade de São Paulo (2005). Atualmente, é professora de Literaturas de Língua Inglesa e Tradução na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, coordenadora da Oficina de Tradução Literária/Prosa na Casa Guilherme de Almeida, tradutora pública, intérprete comercial e tradutora literária.
Jiro Takahashi é mestre em Linguística pela FFLCH da Universidade de São Paulo (Conceito CAPES 7), graduado em Letras pela Universidade de São Paulo (1975) e licenciado em Letras pela Universidade de São Paulo (1975). Professor universitário de Língua, Linguística e Literatura na FMU, Centro Universitário Ibero-Americano, UNIFECAP-São Paulo e Faculdade Paulista de Artes. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Linguística, Língua Portuguesa e Literatura Brasileira e mais de 30 anos de experiência em direção editorial nas editoras Ática, Nova Fronteira, Editora do Brasil, Estação Liberdade, Grupo Rocco e Editora Nova Aguilar.

Cerimônia oficial de abertura com Roberto Schwarz
A Lata do Lixo da História

Na cerimônia, o coordenador do Departamento de Atividades Complementares e Extracurriculares, Antonio Abello Rovai, apresentou a mesa composta pelo escritor, professor de Teoria Literária e crítico literário Roberto Schwarz, pela diretora pedagógica, Amélia Farré Salazar, pelo chefe de estudos, Juan Rivero Corredera, pela chefe do departamento de espanhol, Gertrudis Torres, pela chefe do departamento de língua portuguesa, Lilian Lisete Garcia da Silva, e pelo diretor gerente, Jaime Pedrol, que anunciou a abertura oficial da 32ª Feira do Livro do Colégio Miguel de Cervantes e agradeceu a presença de Roberto Schwarz.

Para começar a conferência, os professores de literatura e língua portuguesa do Ensino Médio, Fábio Brazolin e João Jonas Sobral, apresentaram o autor, considerado por muitos um dos maiores estudiosos da obra de Machado de Assis do Brasil e do mundo e um dos melhores críticos literários dialéticos desde Adorno.

Roberto Schwarz, autor do texto A Lata do Lixo da História, que apresenta uma crítica ao momento histórico brasileiro no regime militar, inspirado na obra O Alienista, de Machado de Assis, iniciou sua fala apresentando parte de seus estudos sobre Machado de Assis, principalmente sobre a obra O Alienista, tendo em vista a estrutura pela qual a narrativa se desenvolve e por que ela foi ponto de partida para A Lata do Lixo da História.

De forma simples, mas com todo requinte de intelectualidade retratada em sua obra, o autor explicou aos alunos a concepção e as motivações de escrever uma sátira da sociedade brasileira no início de regime ditatorial. Baseada na novela de Machado de Assis, Schwarz conta que quando escreveu sua peça em 1968, no momento em que a ditadura estava se enrijecendo mais, ele inverteu as precedências do O Alienista e colocou em primeiro plano a rebelião social.

“Na minha peça o que está em primeiro plano é a rebelião. Na hora de adaptar o Machado de Assis, eu inverti as precedências, o que é uma modificação que altera bastante o conto, mas responde bastante ao momento histórico no qual a peça foi escrita. Outra alteração importante é a inclusão do elemento dos bonecos escravos, que ao longo da peça vão sendo maltratados. A inclusão desse elemento não está em O Alienista, mas apresenta a característica de violência muda e comicidade difusa em todas as obras de Machado de Assis. O que eu fiz foi trazer os episódios ocasionais implícitos nas obras para o primeiro plano de minha peça, transformando tudo em uma chanchada macabra. Fiz isso para, de alguma maneira, codificar a brutalidade que a ditadura estava introduzindo no Brasil”, explica Roberto.

Após a palestra, Schwarz abriu espaço para que os alunos fizessem perguntas sobre a leitura, o que enriqueceu para todos a compreensão de A Lata do Lixo da História, uma das mais expressivas e ferinas peças de protesto contra a repressão imposta pela ditadura.

Palestra Juan Antonio García Núñez*

Psicomotricidade e Educação Infantil

O renomado professor e autor espanhol Juan Antonio García Núñez, por ocasião de sua visita ao Brasil para o lançamento da versão brasileira do livro “Psicomotricidade e Educação Infantil”, traduzido pela psicomotricista e professora de música do Colégio Miguel de Cervantes, Roseli Lepique, ministrou para educadoras de todo o Brasil uma palestra transmitida em tempo real e disponível na página do Colégio através do link: http://www.cmc.com.br/default.asp?PaginaId=10323 .

A palestra, que recebeu mais de 200 instituições entre escolas, secretarias de educação, entidades educacionais e filantrópicas, contou com a presença da diretora do Inspe Gae (Instituo superior de psicomotricidade), Beatriz Loureiro, da tradutora do livro, professora Roseli Lepique, da diretora pedagógica do Colégio Miguel de Cervantes, Amélia Farré Salazar, e do diretor gerente, Jaime Pedrol, que agradeceu a presença de todos e deu as boas-vindas ao autor.

Durante a palestra, Juan apresentou a trajetória de sua carreira e os dados relevantes sobre suas pesquisas relacionadas à psicomotricidade, fruto de sua experiência como educador em instituições e em centros de reabilitação de jovens em situação de risco. O autor falou também sobre sua obra, que é referência nos estudos relacionados à educação psicomotora.

*Juan Antonio García Núñez é um reconhecido psicomotricista espanhol e especialista em problemas de aprendizagem. O enfoque psicomotor de suas pesquisas o levaram a aprofundar o que denomina como “enfoque sequencial psicomotor”, com base na perspectiva neuropsicológica e nas contribuições de autores como Luria, Vygotsky, Wallon, Ajuriaguerra, entre outros. É dele a definição do termo “grafomotricidade” como atividade sistematizada, dirigida ao desenvolvimento de automatismos perceptivos, visuais, auditivos e cinestésicos, que permitam e facilitem a apropriação da escrita. Segundo García Núñez, para que a integração da aprendizagem da lecto-escritura se produza, é necessário que a criança tenha estruturado sua atividade mental, tanto no que se refere aos aspectos cognoscitivos, como nos práxicos e que, estimulada pelo entorno, sinta a necessidade de se comunicar.

Assista a palestra de Juan Antonio García Núñez em:
http://www.cmc.com.br/default.asp?PaginaId=10323

A cobertura completa e em tempo real da Feira do Livro pode ser acessada no site desenvolvido pelos alunos do 9º ano EF:
www.cmc.com.br/feiradolivro2015