Interdisciplinaridade, interatividade e aprendizagem colaborativa
Temas proporcionaram reflexão em seminário promovido pela equipe de Tecnologia Educacional do Colégio Miguel de Cervantes 

Por: Tatiana Maria de Paula Silva |14 de agosto 2014.

Para iniciar a reflexão sobre as práticas que envolvem o conceito de interdisciplinaridade, os professores Fábio Nogueira de Mattos Martins (Arte) e Carolina Ferrucci Monção (Geografia) apresentaram o trabalho realizado com os alunos do Ensino Médio em 2013 por ocasião da viagem de estudo do meio às cidades históricas de Minas Gerais.

O trabalho, que consistiu na produção de sites sobre determinados eixos temáticos das cidades visitadas, abordou as disciplinas de Geografia, Arte, Língua Portuguesa, Educação Física e História. A partir da observação, os alunos recolheram informações e desenvolveram composições de textos e imagens em todas as áreas.

Do ponto de vista de quem ensina, o professor Fábio acredita que, para trabalhar de forma integrada e interdisciplinar, é importante garantir momentos de encontro para discutir e alinhar os objetivos e os parâmetros que nortearão os trabalhos e estabelecer os critérios de avaliação, “apesar de ser possível realizar essa comunicação apenas virtualmente, a interatividade virtual tem seu papel na organização dos documentos e na otimização do tempo, mas o momento presencial, para troca de ideias, é enriquecedor e necessário”, afirma Fábio.

A professora Carolina complementou chamando a atenção de todos para a diferença de um trabalho interdisciplinar de um multidisciplinar, “de fato, nossa intenção é realizar um trabalho interdisciplinar e estamos nos desenvolvendo para isso, porém ainda há uma tendência em focarmos nosso olhar em nosso eixo temático e, por isso, temos que ter claro o conceito do que é interdisciplinar e como podemos fazer isso genuinamente”.

Na sequência, as professoras polivalentes Viviane de Oliveira Panegassi e Karin Cruz Lopes Arriagada instigaram os professores apresentando os questionamentos acerca de um estudo realizado por elas sobre a prática educativa interdisciplinar. Para elas, a fragmentação do saber está muito distante da vivência de mundo, em que somos agentes de transformação.


Fotos: Antonio Abello Rovai

Entendendo a Interdisciplinaridade e reorientando esforços

Para Viviane, uma abordagem interdisciplinar representa um grande desafio que é o de desenvolver metodologias que reúnam as informações desarticuladas que os alunos recebem de cada área de conhecimento, transcodificando-as em uma aprendizagem significativa, “na interdisciplinaridade, os conteúdos precisam estar relacionados, um mesmo objeto é estudado em todas as áreas e o resultado visa a um conhecimento amplo sobre o assunto.”

Para compreender um pouco sobre o distanciamento da prática educacional com os aspectos atuais da vida cotidiana, a professora traçou um paralelo entre a prática educacional e os modos de produção que, a partir da Revolução Industrial, promoveu uma especialização do trabalho e fragmentou o conhecimento sobre cada atividade. Essa tendência fez que a escola sentisse a necessidade de fragmentar o saber para atender às necessidades de um sistema de produção mais especializado.

A professora Karin evocou os participantes a refletirem sobre os trabalhos interdisciplinares realizados no Colégio Miguel de Cervantes, envolvendo toda a instituição, a exemplo da Hispanidad e da Feira do Livro, e como multiplicar essa abordagem para o cotidiano em sala de aula.

Karin acredita que, para que a prática interdisciplinar aconteça, é necessária uma mudança de atitude conjunta da instituição, professores e alunos. “A prática pedagógica interdisciplinar se caracteriza pela formação continuada dos professores, gerando o desenvolvimento pessoal, profissional e escolar e exige nova concepção do conhecimento; dinâmico e inacabado. Dessa forma, o currículo torna-se diretamente relacionado ao coletivo da própria escola, por meio do planejamento participativo.”

Para a professora, é importante que os professores acreditem em uma nova forma de trabalhar o conhecimento, “é preciso que haja interação entre sujeitos-sociedade-conhecimentos e que os conteúdos e/ou temas geradores sejam problematizados e vislumbrados juntamente com as outras disciplinas, também é necessário que os alunos sejam colocados num ambiente socialmente favorável para a aprendizagem, pois o resultado desse trabalho coletivo dependerá da ação, interação e participação ativa de cada um.”

Em conclusão, a professora enfatiza: “A interdisciplinaridade não trabalha o conhecimento de maneira globalizante, a fim de unificar os saberes, mas busca promover interconexões entre os saberes, tanto entre professores e seus pares como entre professores e alunos, trabalhando o conhecimento de forma problematizadora e estabelecendo relações entre as diferentes ciências, o cotidiano escolar e a realidade social e histórica em que os sujeitos estão envolvidos.”